segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O ÚLTIMO VOO

 (*)

Por Hélia Quaresma

"Há uma altura, cedo ou tarde, em que nos cansamos de percorrer os mesmos caminhos. As filosofias ficam gastas. Já se conhecem as Leis, já se viveram ciclos de dualidade, já se sabe o que vem a seguir, e o que virá depois. Chega um tempo em que precisamos de nos deixar surpreender. Dar o salto para fora de todas as quânticas, de todas as leis, de todas as crenças. Tal como o Flamingo, há uma altura em que ficamos cansados de viver num só corpo e decidimos fazer o nosso ultimo voo lá para onde não existe lugar nenhum. Para além das estrelas, onde não há sombra, nem mapa, nem leis. Lá onde tudo é Luz mas nunca chega a ser dia. Lá onde não se pousa. Apenas se repousa!
Percebemos que é altura certa quando damos por nós imóveis, ao sentir que todos os gestos são gastos. Qualquer movimento seria o perpetuar de um ciclo que já se cansou a ele próprio, já ganhou vida e já cansou quem o vive, repetido que foi até à exaustão.

Nessa altura, sentimos que já não há espaço para o oxigénio que somos. Só nos resta lançarmo-nos elegantemente nesse último voo em direcção aquele espaço interdito onde apenas existe um estado de Ser. Lá, onde a consequência não existe, o pensamento não comanda, a emoção não dirige. Nada é conhecido!
Lá não existe algo como “perder tempo” ou “encontrar caminho”. Tudo é caminho. Não existe êxtase, mas existe uma Luz que preenche… sempre! Por lá todos os gestos têm uma cor diferente, cores que nunca vi nem sei descrever. Existe uma tranquilidade porque tudo o que és já não está em ti… sai de ti! Sai sem condições nem regras, sem limites, sem freios. Sai livremente! O que és sai tanto de ti que já não te consegues reunir para voltar.
E por isso é o último voo.

Há uma altura, cedo ou tarde, em que já não queremos mais dar o salto quântico, queremos sim, saltar fora das quânticas. Nessa altura decidimos que o arco-íris pode ter mais de sete cores… e queremos conta-las de cima!"



(*)Essa foto sou eu no alto de uma montanha em Guararema, quem me fotografou, não percebeu, mas cortou um pedaço das minhas asas.

Abraço de Luz!

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