Metrô muito cheio, eu “maravilhosamente” sentada ... o trem parado mais tempo nas estações, atraso,
rostos cansados, impacientes, muitos se entregam à leitura ávida do visor de
seu celular, juntamente com um saltitar incrível de dedos no pequeno teclado. Uma
jovem senta-se ao meu lado com o celular nas mãos, poderia ser um leque(!?)...
está calor demais... eu ali, “maravilhosamente” sentada... Escolho parar de
observar e Desligo-me, “entro na bolha”, e isto quer dizer: estou olhando, mas não vejo – estou
escutando, mas não ouço – estou ali, mas não estou...
Tempo... (quase uma hora)
Estação Jabaquara!?... Nossa! que rápido!
No Jabaquara tenho a opção de volta para a minha cidade: Lotação!
Eu, mais cinco adultos, mais o motorista e mais duas
crianças e um bebê.
O motorista liga o som, enquanto toca um samba ele começa uma
conversa com o passageiro ao seu lado, respondendo também às chamadas no
celular (no viva-voz)...
Ao mesmo tempo o casal e a menina que está no mesmo banco
que eu conversam entre eles, assim como
o casal do banco de trás e as crianças
também interagem no assunto. O bebê dorme.
Os assuntos são
diversos: Motorista com o passageiro falam sobre suas esposas, ciúme, o trabalho na vida a dois, as
despesas...
Ao meu lado o casal e a filha comentam sobre escolas,
respostas de testes, acertos e erros...
O casal do banco de trás juntamente com o filho aparentando
7, 8 anos fala de um rapaz “bom” que se suicidou, e da noiva injusta por não
perdoar o seu único “defeito” que era
sair com todas as mulheres que encontrava pelo caminho...
Tudo ao mesmo tempo juntamente com o samba incessante no
rádio... O celular se rende às montanhas e matas na Serra e fica fora de área... O bebê
dorme.
Eu já começo a não querer entender os assuntos, as palavras se misturam... A janela aberta faz com que eu receba alguns respingos da garoa que
começa (à noite na serra, é sempre assim)... está calor, e isso me faz bem, eu
fecho os olhos... penso no bebê que dorme... penso no bebê que dorme... penso
no bebê ...
Eu durmo... Tempo...
Não percebi quanto tempo passou. Sou “arrancada” do meu
silencio com um “Boa Noite” do passageiro da frente...
E vejo com alegria que chegamos na Praia do Forte!?... Nossa!
Que rápido!
Abraço de Luz!
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